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terça-feira, agosto 16, 2011

Diretrizes para a licenciatura plena em física

UFSC - CFM
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA
PROJETO POLÍTICO PÉDAGÓGICO

Versão preliminar apresentada ao Colegiado do Curso de Graduação em Física

Florianópolis, dezembro de 2002

Comissão responsável – portaria 002/SCGF/02 de 28/02/02
José André Angotti
Arden Zylbersztahn
Sônia Maria Correa da Silva de Souza Cruz
Nícia Luiza Duarte da Silveira


SUMÁRIO

Apresentação
1. Contextualização do curso
2. Diagnóstico e projeções
3. Bases legais
4. Objetivos do curso
5. Perfil dos egressos
6. Organização curricular



Cargas horárias
Estrutura do currículo
Integração vertical e horizontal e relação teoria-prática
Prática de Ensino como componente curricular – 400 horas
Estágio curricular supervisionado – 402 horas
Conteúdos curriculares de natureza científico – cultural – 1920h
Outras formas de atividades científico-acadêmico-culturais – 200 horas
6.3. Interdisciplinaridade
6.4 Flexibilização
6.5 Ensino, pesquisa e extensão
7 Procedimentos Metodológicos
8 Formas de Avaliação
9 Recomendações da comissão
10 Fontes consultadas

Apresentação
Esta é a versão preliminar do Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Plena em Física da UFSC (PPP/LFSC) formulada pela comissão de docentes indicados pela portaria 002/SCGF/02 de 28/02/02, do presidente do Colegiado do Curso de Física.
Ao longo do período, procuramos a devida interlocução com colegas responsáveis por tarefa similar junto a outros cursos de licenciatura, tanto na UFSC - principalmente os cursos de áreas afins e de outras IES - principalmente o curso em pauta. Registramos que estes encontros foram mais próximos da informalidade do que oficiais, uma vez que não foram encontrados espaços e disponibilidade para a discussão conjunta em reuniões e debates planejados para a finalidade específica. Consultas a documentos oficiais propostas e debates, que serão referenciados ao longo da proposta, constituíram as fontes primárias para a formulação deste PPP.
Como ainda não tivemos acesso à eventual produção de documentos alusivos a projetos pedagógicos de nenhum curso de Licenciatura da UFSC, sugerimos que, imediatamente após discussão, retificação e eventual aprovação desta proposta pelo colegiado do curso, seja recomendada a compatibilização entre o projeto pedagógico do curso de Licenciatura em Física e os demais similares, em especial os das áreas afins do CFM e do CCB, para que os esforços exigidos pela nova legislação sejam empreendidos pelo conjunto de docentes, departamentos e grupos responsáveis pela implantação dos novos projetos político-pedagógicos. Neste sentido, caberá ao Colegiado do Curso de Física remeter nosso projeto aos demais colegiados, buscando a discussão conjunta no Fórum das Licenciaturas da UFSC e, se for o caso, a similares de outras IES. Caberá então, segundo nosso entendimento, buscar um espaço de discussão e atuação conjunta em Audiências Públicas que incluam representações docente e discente, da comunidade, das instituições escolares públicas e privadas do ensino fundamental e médio da região e das Secretarias Municipais e Estadual da Educação.
Acreditamos que a legitimação desta e de qualquer outra proposta de mudança, entendida como radical dos cursos de formação docente inicial, deverá se dar pelo envolvimento e engajamento dos envolvidos, sob risco de enfrentarmos outra frustração diante da produção de documentos que, por si só, não alavancam minimamente as transformações desejadas.

1. Contextualização Do Curso
O Curso de Licenciatura em Física foi implantado em 1974, sob responsabilidade do Departamento de Física – criado em 1969 e até então atendendo a cursos básicos de formação nas Engenharias - e apoiado pelos departamentos de ensino-aprendizagem do antigo Centro de Educação, também de 1969 (o atual CED foi criado em 1979), visando a formação de professores de Física para o Ensino Médio. O CFM, implantado em 1975, inicialmente era responsável apenas pelos cursos de Licenciatura em Química, Física e Matemática. Historicamente, a Licenciatura em Física vem concentrando seus estudos em conteúdos de Física Clássica, Introdução a Física Moderna e do conjunto das disciplinas básicas de caráter didático-pedagógico, estrutura e funções da escola e do ensino médio. Tais estudos são tradicionalmente realizados em disciplinas de cunho teórico e experimental. Disciplinas de caráter integrador, comprometidas com os vínculos entre conteúdos, como instrumentação e metodologias e práticas de ensino-aprendizagem, integram a formação inicial dos graduandos, desde a sua origem.
A partir de 1980, com a criação do Curso de Bacharelado em Física, o ingresso aos dois cursos foi comum até meados da década anterior. Concluído o ciclo básico, a partir do quinto semestre, em média, os alunos optavam por um dos dois cursos no início de sua etapa profissionalizante. A partir de 1994 a Licenciatura foi desmembrada do Bacharelado no ingresso, passando a ser oferecida no período noturno com 65 vagas, e uma reestruturação curricular que contemplava a legislação anterior: um conjunto de disciplinas integradoras com carga horária superior a 300 horas, comprometidas com a vinculação entre teoria e prática docentes, a elaboração de projetos e a aproximação com situações-problema das escolas e salas de aula a partir da 5ª. Fase. Passaram a integrar o curso duas disciplinas de Instrumentação para o Ensino de Física – 5º. e 7º fases, 06 horas semanais (créditos) cada uma, além das disciplinas oferecidas pelo Departamento Metodologia de Ensino: Metodologia e Prática de Ensino de Física – 6ª. Fase, 04 horas/aula semanais e Prática de Ensino de Física – 8ª. Fase, 04 créditos.
O curso vem sofrendo aperfeiçoamento nos últimos semestres, tendo se caracterizado por uma licenciatura com tendência a ser uma das referências no plano nacional, com traços marcantes que apontam para a conquista de uma identidade própria e mais eficiência das disciplinas e do conjunto, em favor de um crescente número de formandos capazes de uma efetiva contribuição para a melhoria do ensino de Física e de Ciências no estado. Tais resultados vem sendo buscados e alcançados, não raro com as adversidades e obstáculos das condições de trabalho na UFSC em particular e, por semelhança em praticamente todas as IES públicas do país, sobretudo nos últimos anos.
A existência de um Grupo de Ensino de Física com vários doutores titulados na área de ensino de ciências, que trabalham em colaboração com colegas de formação similar lotados no CED e com docentes das áreas específicas de Física e também docentes do CFH, tem contribuido para a melhoria do curso de licenciatura.
Iniciativas outras do CFM, do CED e outros centros da UFSC, atestam a atuação intensa e diversificada de professores envolvidos com a formação de licenciados em Física na UFSC, a saber:
- formação de docentes pesquisadores através dos cursos de Mestrado (desde1986) e Doutorado (desde1994) na área de Ensino de Ciências no Programa de PG em Educação do CED, e no recém implantado Programa de Pós Graduação em Educação Científica e Tecnológica, vinculado ao CFM e CED, oferecendo cursos de Mestrado e Doutorado (ambos a partir de 2002);

- participação nos Simpósios Nacionais de Ensino de Física – SNEF/SBF, realizados em 12 eventos desde 1970, nos oito Encontros Nacionais de Pesquisa em Ensino de Física – EPEF/SBF, desde 1986, em outros encontros nacionais e internacionais voltados para questões do ensino, da aprendizagem, de História e Epistemologia da Ciência e da Tecnologia,
- edição do Caderno Brasileiro de Ensino de Física (ex-CCEF, desde 1983), uma referência no país e em diversos países do exterior, e participação em outras publicações reconhecidas no país e exterior, como autores, árbitros e membros de comitês editoriais,
- organização e participação docente em cursos de formação continuada de professores em serviço: Pró-Ciências, desde 1996, com oferta de três cursos de aperfeiçoamento e um curso de pós-graduação latu sensu e o curso de complementação em licenciatura a distância – convênio CFM-CED-LED/UFSC e Secretaria de Educação do estado da Bahia;
- produção de material de ensino orientados por tendências de pesquisa em Ensino de Ciências (CTS, problematização, interdisciplinaridade, inserção de Ciência e Tecnologia Contemporânea..); criação e manutenção do laboratório de demonstrações experimentais, o Labidex, que constitui-se em um espaço privilegiado para o estudo, reflexão e produção de protótipos pelos alunos e para a interação com alunos de escolas do Ensino Médio e Fundamental, e com interessados em geral, para visitas monitoradas, sempre com resultados expressivos; produção de material didático impresso e/ou com auxílio de multimeios – vídeo e computador nas disciplinas Instrumentação, Metodologia e Prática de Ensino de Física, disponibilizados para professores em serviço e, quando possível, aplicados nos estágios; oferta de cursos tópicos para alunos do Ensino Médio nas dependências do Depto. de Física.


2. Diagnóstico e projeções

Neste cenário positivo, construtivo e simultaneamente contraditório, nossa licenciatura vem contribuindo e recebendo a contribuição destas frentes de trabalho acadêmico diversificado, direta ou indiretamente, de maneira a se ampliar e reforçar o compromisso coletivo dos envolvidos com a formação docente no sentido mais amplo. Formação que implica necessariamente a apreensão consciente de saberes, competências e habilidades desejáveis e adequados ao longo da graduação em licenciatura, e que correlaciona a aquisição destas categorias com o fenômeno complexo, multivariável e socialmente determinado da educação, ainda que um dos conhecimentos centrais para o êxito desta formação seja o da Física, ciência originalmente voltada para o mundo inanimado.
Cabe ainda refletir um pouco mais sobre a formação desejada coletivamente, sem negar as preferências individuais e de equipes. Neste sentido temos privilegiado:
a) a formação docente para a disciplina Física inserida nas três séries (ou seis fases hoje) do Ensino Médio e, eventualmente, em cursos de formação profissionalizante (hoje também em mudanças):
b) a formação em curso noturno, para ser integralizada em um mínimo de oito e máximo de doze semestres;
c) a formação essencialmente presencial que mantém aspectos considerados fortes e atuais da educação tradicional e que inova e por vezes pode ser transformadora: aulas expositivas, listas de exercícios e provas escritas mais presentes nos quatro semestres da formação básica, espaços para discussão conjunta pautada pelo diálogo e problematização, ampliação das possibilidades do trabalho em equipe, dos seminários dos alunos, dos projetos tópico-temáticos, do uso de laboratórios, oficinas tradicionais, vídeo e computador, da análise de material didático e para-didático impresso e digital, dos recursos tradicionais e dos multimeios.

No entanto, é preciso lembrar também que não temos conseguido atuar em colaboração com os demais cursos de licenciatura da UFSC, nem mesmo com os cursos mais próximos do próprio do CFM. Trata-se de um relativo distanciamento que precisa ser enfrentado e superado, até porque nossas licenciaturas são pioneiras e referências para outros similares do estado, devendo manter intensa interlocução com licenciaturas afins de outras IES do país que estão sendo reestruturadas.
Ainda na coluna negativa não se deve deixar de considerar que o nosso curso é essencialmente disciplinar e comprometido com especificidades, que temos dificuldades para ousar e alcançar condição e prática que reforce também a formação geral - multi e interdisciplinar, que o ensino é concebido e praticado apenas nos moldes presenciais, sem discussão das possibilidades de se introduzir alguma atividade a distância viável, legítima e recentemente legalizada, podendo atingir até 20% da carga horária total. E, sobretudo, que ainda sofre perdas preciosas por desistência de matriculados nos primeiros semestres, que já foram em maior número, mas que precisam ser mais revertidas mesmo com as dificuldades estruturais e conjunturais da carreira docente, desprestigiada e pauperizada nas últimas décadas por não receber os insumos merecidos dos setores públicos responsáveis.
Até meados da década passada, quando foi implantado o curso de Licenciatura em Física pela UDESC em Joinville, nosso curso era único no estado. Como até o momento, o estado não dispõe de nenhum outro curso pleno desta licenciatura específica, considerando o baixo número de egressos da UFSC desde a implantação e também da recente UDESC, convivemos, ao longo dos últimos 30 anos, com uma crônica falta de professores de Física no ensino médio (EM) regular de SC. Tal deficiência está cada vez mais ainda mais acentuada nos últimos dez anos frente ao aumento acentuado do número de matrículas do EM – praticamente duplicado desde 1993, contra o pequeno aumento sistemático do contingente de egressos das duas IES.
Se considerarmos que a demanda nos últimos anos para a atuação docente dos nossos licenciados extrapola o segmento do EM, seja para o Ensino Fundamental - incluído o primeiro segmento da 1ª. a 4ª séries, onde se pode e se deve iniciar a “alfabetização científica e tecnológica” - seja para o ensino não formal, a divulgação científica, a formação em serviço de professores não habilitados, é forçoso concluir que o contingente de licenciados terá que ser ampliado bastante. Como as IES comunitárias e particulares não revelam interesse pela Licenciatura em Física, é muito mais provável que a oferta tenha de ser expandida nos cursos existentes: maior número de vagas simultaneamente ao incremento do índice de aproveitamento da relação ingressantes/egressos, com os desdobramentos para a contratação de docentes, salas, equipamentos, laboratórios.
No que se refere às necessidades mais urgentes, é imperativo a ampliação dos horário de funcionamento da biblioteca setorial do CFM, que em flagrante contradição, continua fechada no período noturno, período esse de oferta de duas licenciaturas deste centro: Física e Matemática. A contratação de docentes por concurso público, ambientes mais amplos e arejados, salas melhor conservadas, laboratórios mais equipados, computadores mais eficientes, são demandas rotineiras em nossa atuação profissional, à semelhança da grande maioria dos cursos de graduação da UFSC e das IFES em geral. As mais essenciais para viabilizar o novos projetos polítco-pedagágicos das licenciaturas encontram-se elencadas no final (item 10) desse documento.


3. Bases Legais

Os documentos legais orientadores para a presente, anexados à portaria 002/SCGF/02 do presidente do colegiado do curso de Física, foram:
- Resolução 01/2002 – CP/CNE, de 18/02/02 - Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores de Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
- Resolução 02/2002-CP/CNE, de 19/02/02 – Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior.
- Resolução 09/02 – CES/CNE, de 11/03/02 – estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Física. Acompanha o parecer 1304/01-CES/CNE – Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de Física.
- Resolução 001/CUn/2000, de 29/02/00 - Dispõe sobre os princípios para o funcionamento dos cursos de formação de professores oferecidos pela UFSC.
- Resolução 005/CEG/2000, de 27/09/00 – Normas para a estrutura curricular dos cursos de licenciatura da UFSC.
- Projeto Pedagógico, UFSC/PREG/DEG, sd. Parâmetros e roteiro para a elaboração dos PPP dos cursos de graduação da UFSC (conforme o ForGRAD, 1999)

Além destes, vários outros documentos relativos às licenciaturas, em especial o da ANFOPE, os Parâmetros Curriculares Nacionais Para o Ensino Médio (Ciências Naturais e suas Tecnologias) e para o Ensino Fundamental (Ciências), as propostas de projetos político pedagógicos e versões preliminares similares, fontes bibliográficas impressas e virtuais foram consultados (consultar lista ao final desta proposta).
As fontes principais que norteiam a presente proposta são as resoluções mais recentes do CNE – 01/02; 02/02 e 09/02, formuladas segundo orientação da LDB de 1996, ajustadas aos documentos da UFSC em vigor. O roteiro para a elaboração (ver Sumário) segue as sugestões do “Projeto Pedagógico UFSC/PREG/DEG”, que altera a ordem do roteiro sugerido pela Resolução 09/02 do CNE, mas no conjunto, contempla os mesmos itens sem detalhar as particularidades das licenciaturas, que serão focalizadas nesta proposta.
Notam-se discrepâncias no conjunto de documentos referentes. Como exemplo, citamos a resolução 05/CUn da UFSC, em vigor, que ainda trata em seu artigo 9, da carga horária de 300 horas destinadas à Prática de Ensino, em flagrante conflito com a recente Res. 02/02, que exige: 400 horas de Prática como componente curricular; outras 400 horas de estágio curricular supervisionado e mais 200 horas para outas formas de atividades acadêmico-científico-culturais. Tais conflitos são compreensíveis devido ao impacto gerado pelas determinações da Res. 02/02 junto á toda comunidade acadêmica responsável pela formação docente, ao estender, de modo sem precedente, a carga horária das atividades mais próximas à profissionalização inicial dos licenciados. A comissão orienta-se nesta proposta, para os desafios postos pelos documentos mais recentes do CNE, que exigem o prazo de dois anos, a partir de 03/02, para a implantação dos novos projetos. Esperamos a reformulação das resoluções internas ao longo deste período, de modo a compatibilizar a oferta dos novos projetos de licenciatura para 2004.1.
Antes da especificidade de qualquer licenciatura, que habilitará o docente como Professor de ..., é forçoso ressaltar que há documentos pautados pela formação de Educadores no sentido mais amplo, seja atuando na escola formal (segundo orientação da LDB), seja nos espaços não formais (para além dos contornos da LDB). Como exemplar, afirma a síntese final do documento da Anfope, em contínua formulação, avaliação e reestruturação há cerca de duas décadas, legitimado por intensa participação de lideranças da área, tanto na esfera pedagógica mais ampla como nas das licenciaturas específicas:
“a formação dos professores deve assegurar-lhe as seguintes competências profissionais gerais: uma cultura científica de base em ciências humanas e sociais no que se refere à educação; a capacidade de realizar pesquisas e análises de situações educativas e de ensino complexas bem como de nelas intervir; o exercício da docência em contextos institucionais escolares e não-escolares.”
Documentos com força legal, como a resolução 01/02 do CNE, referem-se inicialmente a “todas as etapas e modalidades da educação básica” – art. 1º, em ressonância com o universo tratado pela LDB. Ao longo do texto, são detalhados os princípios norteadores, a partir da “competência como concepção nuclear na orientação do curso” – item I do art.3, do princípio metodológico geral da ação-reflexão-ação para a resolução de situações-problema nos processos de avaliação (art. V), e a flexibilização para viabilizar propostas inovadoras e próprios das instituições formadoras (art. 14). Diversos outras orientações para a formação docente como os eixos articuladores da formação comum e específica, da disciplinaridade e interdisciplinaridade, das dimensões teórico e práticas, mostram-se apropriadas e desejáveis para a docência na educação básica, sem excluir possibilidades de atuação docente junto a espaços não formais. Tanto que o mesmo CNE já aprovara o parecer 1304/01 em 06/11/01, as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Física, que afirma em seu primeiro parágrafo:
“O físico, seja qual for sua área de atuação, deve ser um profissional que, apoiado em conhecimento sólidos e atualizados em Física, deve ser capaz de abordar e tratar problemas novos e tradicionais e deve estar sempre preocupado em buscar novas formas do saber e do fazer científico ou tecnológico. Em todas suas atividades, a atitude de investigação deve estar sempre presente, embora associada a diferentes formas e objetivos de trabalho. Dentro deste perfil geral, podem se distinguir perfis específicos... Físico – educador: dedica-se preferencialmente à formação e à disseminação do saber científico em diferentes instâncias sociais, seja através da atuação no ensino escolar formal, seja através de novas formas de educação científica, como vídeos, “software”, ou outros meios de comunicação. Não se ateria ao perfil da atual Licenciatura em Física, que está orientada para o ensino médio formal. (item 1 – Perfil dos Formandos).
Resguardado o princípio da flexibilização, nossa formação em licenciatura estará voltada para atuação na Educação Básica e outros espaços da educação formal, como para outros desafios, colocados nos últimos anos principalmente nos espaços não formais da educação.
Destacamos também a pertinência de que o Físico-Educador com formação inicial nas licenciaturas plenas, venha a dedicar-se a outras tarefas, individualmente ou em equipe, que demandam elementos da formação específica dos outros perfis apontados para a profissão do Físico, consideradas as frentes de trabalho e atividades docentes. O físico-educador será dominantemente um profissional do ensino, que muitas vezes solicita traços dos demais perfis delineados: pesquisador, tecnólogo e interdisciplinar. Isto porque as solicitações contemporâneas forçam os sujeitos envolvidos nos processos de ensino-aprendizagem formal e não formal, a exercerem competências, habilidades e recursos próprios da investigação, das tecnologias tradicionais e inovadoras e, como já afirmamos, do enfrentamento de situações-problema que transcendem o escopo disciplinar da Física ou de qualquer outro ramo específico do conhecimento disponível.
O conjunto de saberes, habilidades e competências gerais e específicas do físico-educador, bem como a estruturação do curso, conteúdos curriculares, núcleos e módulos que tratam as resoluções, estarão tratadas nos itens 5 e 6 seguintes.

4. Objetivos do Curso
O objetivo geral do curso de Licenciatura em Física é a ”formação de um educador capacitado a desenvolver, de forma pedagogicamente consistente, o ensino-aprendizagem da física clássica e contemporânea, valorizando a sua interação com as ciências afins, o mundo tecnológico, os determinantes e as implicações sociais daí decorrentes.”
Os objetivos específicos deste curso de graduação serão parametrizados pelos indicadores do perfil desejado, explicitado a seguir. Cabe lembrar também os três domínios basilares do exercício profissional docente propugnados pelos PCNs do EM/Física para a melhoria da aprendizagem desta disciplina e das ciências, tecnologias e suas linguagens: Representação e comunicação; Investigação e compreensão; Contextualização sócio-cultural.


5. Perfil dos egressos
Para se atingir o perfil do Físico-Educador (consultar item 3) a seqüência de disciplinas, atividades e produções próprias dos licenciandos, dos primeiros deveres à elaboração e finalização do Trabalho de Conclusão de Curso (conforme ítem 6.5), deverá ser orientada mediante finalidades específicas harmonizadas com os objetivos mais amplos da formação, pautadas por ementas, programas, conteúdos, procedimentos e avaliações propostas singularmente e contempladas nesta visão e no seu conjunto, devendo ser aprovadas, avaliadas em suas primeiras aplicações práticas e, eventualmente, reformuladas para a otimização do processo de formação.
De acordo com o parecer 1304/01, as resoluções e documentos citadas no item 3 e considerada a flexibilização destas orientações á luz das pesquisas, experiências docentes e expectativas dos docentes e licenciandos atuais do curso de licenciatura em Física, bem como de atores similares em IES do país, os elementos que compõem o perfil do físico-pesquisador, serão:
- Dominar os princípios gerais e fundamentais da Física Clássica e Moderna, da didáticas e das respectivas metodologias com vistas a conceber, construir e administrar situações de aprendizagem e de ensino.
- Atuar como físico-educador em todos os espaços e ambientes da educação formal da educação básica (ensino médio e ensino fundamental), ou não-formal, tais como nos programas de educação popular, educação de jovens e adultos, de divulgação em diferentes mídias, de formação continuada de professores das sereis iniciais.
- Utilizar os conhecimentos da Física básica e aplicada, das ciências da natureza e suas tecnologias, das ciências humanas e sociais como referências e instrumentos para o ensino formal e para a condução de situações educativas em geral;
- Planejar e desenvolver ou adaptar materiais didáticos de Física utilizando textos, imagens e formalismo de modo balanceado, roteiros de laboratório, demonstrações, com auxílio de simulações em computadores e redes, identificando os elementos relevantes às estratégias adequadas.
- Atuar no planejamento, organização e gestão dos sistemas de ensino, nas esferas administrativa e pedagógica, com competência técnico-científica, com sensibilidade ética e compromisso com a democratização das relações sociais na instituição escolar e fora dela. Diagnosticar, formular e encaminhar a solução de problemas físicos, experimentais ou teóricos, práticos ou abstratos, fazendo uso dos instrumentos laboratoriais ou matemáticos apropriados;
- manter atualizada sua cultura científica geral e sua cultura técnica profissional específica junto aos centros de pesquisa e formação, seja presencialmente, seja por meio de instrumentos de comunicação a distância.
- Desenvolver uma ética de atuação profissional e a conseqüente responsabilidade social, compreendendo a Ciência como conhecimento histórico, desenvolvido em diferentes contextos sócio-políticos, culturais e econômicos.
- Ser capaz de estabelecer um diálogo entre a sua área e as demais áreas do conhecimento relacionando o conhecimento científico e a realidade social, conduzindo e aprimorando suas práticas educativas e propiciando aos seus alunos a percepção da abrangência dessas relações; contribuir com o desenvolvimento do projeto pedagógico da instituição em que atua, de maneira coletiva e solidária, interdisciplinar e investigativa.
- Exercer liderança pedagógica e intelectual, articulando-se nos movimentos sócio-culturais da comunidade, em geral, assim como especificamente em sua categoria profissional..
- Desenvolver pesquisas no campo teórico-investigativo do ensino-aprendizagem de Física, Ciência e Tecnologia e Educação, podendo dar continuidade, como pesquisador, à sua formação.

No processo de viabilização desse perfil será privilegiada dedicação ao longo da licenciatura em busca dos saberes, competência e habilidades necessárias para o perfil. Em particular, habilidades fundamentais da carreira como:
- o envolvimento, desde as fases iniciais, em atividades de ensino-aprendizagem em sala de aula, ou com alunos em visita a dependências do campus,
-leitura e registro de textos fundamentais de Física e das disciplinas de formação pedagógica,
- de transposição didática dos tópicos de Física apreendidos na graduação para outros cenários e outros níveis de cognição,
- da matemática como linguagem privilegiada das ciências da natureza, bem como de noções da química e da biologia contemporâneas,
- do estudo de projetos de ensino de Física históricos e atuais, da construção de módulos e protótipos,
- do uso do computador e do vídeo como instrumentos didáticos, da seleção criteriosa, construção e adaptação de material didático com multimeios.
De maneira distribuída e integrada, horizontal e verticalmente, serão oferecidas condições para a aquisição deste conjunto de habilidades para subsidiarem a formação do perfil com seus elementos característicos.

6. Organização Curricular

6.1 Cargas horárias e integralização do curso

A organização curricular do Curso de Licenciatura Plena em Física atende o disposto na Resolução No. 2/2002 – CP / CNE de 19/02/2002, que estabelece a carga horária da modalidade. Assim, a integralização do curso prevê um mínimo de 2922 horas a seguir distribuídas e discutidas.


6.2 Estrutura do currículo; disciplinas, atividades de formação acadêmica, pesquisa, extensão, estágios, TCC. Considerar:


Primeira Fase
FSC 5110 Física Básica A 72
MTM Cálculo A 72
MTM 5512 Geom.Analitica 72
QMC 5113 Quim.Geral Inorganica 90
FSC Transp.Did.Fis. A 36 Prática Física Básica A (Co-Req.)

Conteúdos Curriculares 306 Prática 36 Total 342


Segunda Fase
FSC 5111 Física Básica B 36
FSC 5141 Lab.Física I 54
MTM Cálculo B 72
QMC 5206 Quím. Organica Básica 54
EED 5101 Fund. Educação 54
FSC Introd. À Fis.Moderna 36

Conteúdos Curriculares 306 Total 306


Terceira Fase
FSC 5142 Lab.Física II 54
FSC 5192 Física Geral II 72
MTM Cálculo C 90
FSC Transp.Did.Fis. B 36 Prática Física Geral II (Co-Req)
PSI 5107 Psic. Educação 72 (60 + 12 P)

Conteúdos Curriculares 276 Prática 48 Total 324


Quarta Fase
FSC Term. e Ondas 72
FSC 5143 Lab.Física III 54
FSC 5193 Física Geral III 108
FSC Transp.Did.Fis. C 36 Prática Física Geral III (Co-Req)
MEN 5132 Didática Geral 72 (60 + 12 P)

Conteúdos Curriculares 294 Prática 48 Total 342


Quinta Fase
FSC 5117 Inspe A 72 Prática
FSC 5144 Lab.Física IV 54
FSC 5194 Física Geral IV 72
ESTÁGIO EstágioLABIDEX 72 Estágio Inspe A (Co-Req)
MEN 5185 Met.Ensino Física 54 Prática

Conteúdos Curriculares 126 Prática 126 Estágio 72 Total 324



Sexta Fase
FSC 5117 Inspe B 72 Prática
FSC 5116 Mecânica Geral 108
FSC Física Moderna I 108
MEN Est.Sup.En.Fis.A 72 Estágio

Conteúdos Curriculares 216 Prática 72 Estágio 72 Total 360


Sétima Fase
FSC 5119 Inspe C 72 Prática
FSC Física Moderna II 108
MEN Est.Sup.Ens.Fís.B 108 Estágio
BIO Elementos Biologia Mod. 72

Conteúdos Curriculares 180 Prática 72 Estágio 108 Total 360


Oitava Fase
FSC 5151 Lab.Fis.Moderna 72
FSC 5602 Evol.Conc.Física 72
MEN Est.Sup.Ens.Fis. C 148 Estágio
EED 5129 EstrFunc 72

Conteúdos Curriculares 216 Estágio 148 /TCC Total 364


Conteúdos Curriculares: 1920
Prática: 402
Estágio: 400
Outras formas de atividades acadêmico-científico-culturais: 200 – recomenda-se:
- a realização de pelo menos uma disciplina de 04 créditos (72h/a) oferecida dentre um conjunto prioritário pautado pelas dimensões culturais das mesmas;
- seminários multidisciplinares sob responsabilidade conjunta CFM, CED, CTC e CFH principalmente;
- seminário, jornadas culturais, debates e sessões artístico- culturais sob responsabilidade dos licenciandos;
- participação em espaços públicos: feiras de ciências, mostras culturais, sessões públicas de observação com microscópios e telescópios, uso de computadores e projetores com documentários e simulações...

Total: 2922




6.2.1 Integração vertical e horizontal e relação teoria-prática

Integração vertical do conhecimento a nível de graduação em Física: Físicas Básicas A e B; Introdução à Física moderna e contemporânea; Físicas I e II – teoria e laboratório. Estas disciplinas serão as mesmas oferecidas para o curso de Bacharelado, de modo a fortalecer as bases de formação comum. Integração horizontal das disciplinas de Cálculo e das disciplinas novas de Transposição Didática, espaço privilegiado da nova concepção de Prática de Ensino, para discussão e criação de formas para ensinar-aprender os conhecimentos das disciplinas tradicionais no Ensino Médio e outros níveis de escolaridade, bem como em espaços de educação não formal.
Integração das disciplinas de Fundamentos da Educação a essas últimas e aos compromissos com a instituição escolar.
Destaque inédito à Prática de Ensino e ao Estágio, comentados a seguir:

6.2.2 Prática De Ensino Como Componente Curricular - 402 Horas

Essas horas são vivenciadas ao longo do curso, já a partir da primeira fase, e têm como objetivo familiarizar e embasar o estudante em atividades ligadas ao ensino. As disciplinas que sustentam esse componente do currículo encontram-se integradas a conteúdos curriculares de natureza científico-cultural durante a primeira metade do curso, e também às atividades de estágio supervisionado a partir da segunda metade do curso.
Assim, nas primeiras fases do curso, as disciplinas Transposição Didática em Física A, B e C, são ministradas paralelamente às disciplinas Física Básica A, Física Geral II, Termodinâmica e Ondas e Física Geral III, que tratam de conteúdos específicos de mecânica, física térmica, acústica e eletricidade. As disciplinas de transposição didática visam sensibilizar e preparar o estudante para o tratamento das questões práticas envolvidas com o ensino dos conteúdos específicos mencionados, para os níveis de ensino fundamental e médio, favorecendo tanto a integração intra-curricular, como também a integração do currículo com a prática escolar. Espera-se que além de contribuir para a formação didática dos estudantes, tais disciplinas possam também ajudá-los enquanto alunos das disciplinas de conteúdos específicos mencionadas.
Uma parte importante da prática é provida pelas disciplinas Prática de Ensino de Física e Instrumentação Para o Ensino A, B e C, que fornecem um conjunto de atividades integradas, através das quais os conteúdos específicos de física, assim como das disciplinas Didática e Prática de Ensino de Física, servem de base para o desenvolvimento, aplicação, e avaliação de módulos de ensino voltados para o nível médio e as últimas séries do nível fundamental. Os módulos são efetivamente aplicados na forma de mini-cursos, principalmente para alunos de colégios próximos a UFSC.
A integração com a prática escolar também é favorecida no interior das disciplinas Psicologia da Educação e Didática que prevêem, além dos conteúdos teóricos tradicionais, que parte de sua carga horária seja dedicada a atividades de natureza aplicada.

6.2.3 Estágio Curricular Supervisionado - 400 Horas

Estas horas têm início na quinta fase do curso com a disciplina Estágio Labidex (72 horas). O desenvolvimento desta disciplina se dará através da participação dos estudantes, como monitores estagiários, no Laboratório de Instrumentação, Demonstração e Experimentação (Labidex). Este laboratório, ligado à disciplina Instrumentação Para o Ensino de Física, já vem sendo usado há anos como palco para atividades de extensão do Departamento de Departamento de Física da UFSC, recebendo alunos de ensino médio e fundamental para visitas programadas por suas escolas. A inclusão obrigatória dos estudantes de licenciatura nas atividades de monitoria, além de propiciar-lhes uma iniciação em práticas experimentais demonstrativas, irá possibilitar a ampliação dos horários de atendimento do Labidex, principalmente no período noturno, contribuindo para a integração da UFSC com a comunidade.
Para as três últimas fases do curso estão programadas as atividades de estágio supervisionado em escolas, com um total de 330 horas (Estágio Supervisionado em Ensino de Física A, B e C). Estas atividades serão integradas através de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que deverá, articular, de forma crítica e teoricamente embasada, o trabalho desenvolvido na escola com a iniciação à pesquisa em ensino, na forma de intervenção no ambiente escolar. O TCC a ser instituído, até hoje não formalmente exigido na licenciatura em Física, deverá constituir uma contribuição acadêmica dos estudantes, resultante de uma trajetória de estudos sistematizados desde as fases iniciais e amadurecido nas disciplinas profissionalizantes de Prática de Ensino e Estágios.

Os alunos que exerçam atividade docente regular na educação básica, poderão ter redução da carga horária do estágio curricular supervisionado, de até o máximo de 200 horas, desde que tenham um plano de trabalho e um relatório aprovados por docente responsável pelo estágio supervisionado.

6.2.4 Conteúdos Curriculares De Natureza Científico-Cultural - 1920 Horas

Encontram-se aqui incluídos os conteúdos específicos da física, tanto clássica como moderna, os da matemática, da química e da biologia. A inclusão de disciplinas de química e biologia visa dar conta do caráter indisciplinar da ciência moderna, principalmente no que diz respeito ao rumo tomado pela biologia molecular, cada vez mais presente em nosso cotidiano através dos avanços da genética.
Também estão presentes os conteúdos ligados à área educacional, importantes para a formação do professor, e uma disciplina (Evolução dos Conceitos da Física) de caráter histórico-epistemológico, que tem como objetivo analisar a física como parte da cultura.


6.2.5 Outras Formas De Atividades Acadêmico-Científico-Culturais - 200 Horas

Estas horas serão integralizadas pelos estudantes no decorrer do curso, e envolverão a participação comprovada dos mesmos em atividades que contribuam para a sua formação profissional tais como congressos, simpósios, visitas programadas, seminários, estágios, etc..
Tais atividades deverão ser aprovadas, e registradas no histórico dos alunos, pelo coordenador de curso.
Trabalhos produzidos pelos alunos das disciplinas Metodologia e Prática de Ensino de Física com auxílio de multimeios, com destaque para o processamento de imagens e simulações conjugadas a textos e formalismo, versando sobre tópicos de Física Moderna e Contemporânea, Tópicos Interdisciplinares principalmente de ciência e Tecnologia contemporâneas, produzidos mediante referências dos campos da Didática, Psicologia e Sociologia da Educação, constituirão parte dessas atividades acadêmico-científico-culturais. Dessa forma, além de conhecerem os materiais já produzidos, os alunos serão estimulados e orientados para a produção de similares, visando a composição de conjuntos alternativos viáveis para o ensino-aprendizagem de Física e de Ciências, nos diversos níveis de escolaridade e em cenários da educação não formal. Parte deste material já produzido e parcialmente testado em salas de aulas ao longo de estágios já está disponível no endereço www.ced.ufsc.br/men5185 .




6.3 Interdisciplinaridade.
As Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM), estabelecem como eixos norteadores da construção do currículo a interdisciplinaridade e a contextualização.
Na proposta de reforma curricular do Ensino Médio, a interdisciplinaridade deve ser compreendida a partir de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões e passagens entre os conhecimentos através de relações de complementaridade, convergência ou divergência. (BRASIL, 1999a, p. 34).
Para se trabalhar na perspectiva preconizada pelas DCNEM, é necessário que o professor tenha noções do que seja o trabalho interdisciplinar. Para isso, é necessário que durante sua formação o professor enfrente e desenvolva situações que contemple esse contexto.
Para o curso de Licenciatura em Física, a comissão do PPP/LFSC entende que este aspecto da formação deva acontecer ao longo do curso, a partir de discussões teóricas na disciplina Didática porém dar-se-á de forma mais intencional e efetiva ao longo do desenvolvimento das disciplinas denominadas Instrumentação para o Ensino de Física (A,B e C), Metodologia de Ensino e Prática de Ensino. No desenvolvimento das mesmas, os alunos entrarão em contato com as diferentes metodologias que dão suporte para o trabalho interdisciplinar, com ênfase em Projetos Temáticos centrados no imbricamento entre Ciência Tecnologia e Sociedade, no enfrentamento de Situações-Problema pela perspectiva dialógica e problematizadora, na Abordagem Centrada em Eventos. Ao longo das disciplinas, enfrentarão situações didáticas práticas que contemplam estes enfoques com a proposição, o desenvolvimento e a aplicação nos campos de estágio, dos referidos projetos temáticos, produzidos em versão impressa como digital . Nessas disciplinas a perspectiva é de se trabalhar com projetos que necessitem conhecimentos de diferentes tópicos de Física clássica e contemporânea, bem como o aporte de conhecimentos de outras áreas para sua plena conclusão e, assim, possibilitar o enfrentamento do trabalho interdisciplinar.

6.4 Flexibilização

Na estrutura curricular que está sendo proposta para a formação do Licenciado podemos destacar três aspectos principais que destacam a flexibilização do mesmo:

• Definição de uma parte comum com a grade Curricular para Bacharelado em Física.
• Definição de um conjunto de atividades para junto com as disciplinas de conteúdos específicos, práticas e de estágios proporcionem uma formação geral significativa.
• Estruturação curricular básica equivalente compatível com as demandas da comunidade docente, sugestões e críticas de graduandos e egressos, endossadas nos documentos legais referentes.

A definição da parte comum entre a grade curricular da Licenciatura e o Bacharelado resulta na equivalência de requisitos básicos para os dois perfis e tem também como objetivo facilitar a transferência de uma habilitação para outra, bem como a formação em ambas.

Para contemplar a formação geral necessária ao licenciado, os alunos poderão contabilizar horas, de acordo com critérios estabelecidos pelo Colegiado do Curso com as seguintes atividades:
• Seminários nas áreas de Ciências Básicas, Educação, Filosofia da Ciência .......
• Simpósios, Encontros, .
• Disciplinas de outras habilitações, com aproveitamento computado no grupo das atividades acadêmico-científico-culturais (200 horas).

A definição de uma “parte equivalente” à dos projetos de outras IES se justifica no conhecimento universal da física e nas disciplinas de formação pedagógica e tem também como objetivo facilitar, quando necessário, as transferências externas e, principalmente, possibilitar ingresso dos nossos alunos em diferentes programas de Pós-Graduação.

6.5 Ensino, Pesquisa e Extensão
Durante o processo de formação os estudantes devem ter participação nestes três segmentos para garantir uma boa formação inicial, isto é, o melhor domínio possível dos conteúdos específicos e pedagógicos. Na estrutura curricular proposta, essa participação estará assegurada da seguinte forma:

A) Atividades de Ensino

Os alunos obrigatoriamente desenvolverão atividades de ensino na forma de seminários nas disciplinas de Instrumentação A e B, ministrando mini-cursos para alunos do Ensino Médio, na Instrumentação C e, também, sobretudo, nas disciplinas de Estágios, sempre vinculadas a salas de aula.

B) Atividades de Pesquisa

Os alunos desenvolverão atividades de pesquisa no planejamento dos seminários, na elaboração dos projetos temáticos, nos projetos de estágios, finalizando sua contribuição na elaboração do TCC.

C) Atividades de Extensão

As atividades de extensão estarão sendo contempladas com o oferecimento dos mini-cursos para o ensino médio e no planejamento e acompanhamento de visitas de alunos do ensino fundamental e médio no Laboratório de Instrumentação, Demonstração e Experimentação (LABIDEX).

7. Procedimentos metodológicos: referencial norteador para criação e articulação das condições de aprendizagem nas diferentes disciplinas

A relação teoria-prática e o princípio da ação-reflexão-ação de certa forma já podem ser considerados presentes na atual formatação de nossa licenciatura, ainda que com sérias limitações quanto às atividades de estágio e outras atividades dos licenciandos nas escolas do EM e EF, serão norteadores dos procedimentos metodológicos.
Ao longo dos semestres de formação, será fortemente estimulada e exercitada a pluralidade de métodos de ensino-aprendizagem de Física, Ciências Naturais e Tecnologias, seja nas dimensões cognitivas dos licenciandos, seja na projeção dos cenários mais adequados para o exercício docente, ainda na formação inicial. Em particular, as contribuições de teor metodológico advindas da pesquisa em ensino de física, mesmo que com resultados em pequena escala, bem como os amplos estudos recentes sobre a aprendizagem colaborativa, as inteligências múltiplas, o diálogo entre saberes e culturas, serão priorizados.

8. Formas de avaliação do processo de ensino e da aprendizagem correspondendo às diretrizes gerais definidas para o curso.

Em situações de ensino de qualquer área os conteúdos trabalhados envolvem diferentes tipos de conhecimento tais como fatos, conceitos, princípios, procedimentos, atitudes e valores. Quanto mais tradicional for a situação de ensino e mais se apóie apenas na transmissão de informações, tanto mais o conhecimento é constituído de fatos, em detrimento dos demais tipos.
Por outro lado, os conteúdos que envolvem procedimentos representam certa dificuldade para o professor em geral, pois nem sempre é fácil a ele reconhecer que processos e procedimentos estão sendo ensinados, e que estão também, sendo aprendidos. Esta dificuldade é ainda maior em situações onde os processos-procedimentos não são ações concretas, mas operações mentais. Isto se dá desta forma, em razão de processos-procedimentos serem geralmente implícitos, efetuados à revelia de nossa consciência e de nosso conhecimento declarativo.
Dentro dos conteúdos de ensino, atitudes e valores constituem outra dificuldade para o professor. Que atitudes e valores são ensinados deliberadamente pelo professor de Física? Até que ponto o professor de Física deve ensinar atitudes e valores?
Na prática, atitudes e valores acontecem na situação de ensino-aprendizagem até mesmo independente da vontade e da consciência do professor, inclusive porque não se consegue ser neutro em relação aos objetos do conhecimento. Este conteúdo é inerente a qualquer situação de ensino-aprendizagem mesmo quando não intencional. Como não ensinar atitudes e valores sobre o uso da energia em geral, em seus vários aspectos, até mesmo em relação à possível economia de energia elétrica pelo horário de verão. Assim é importante reconhecer a existência dos diversos tipos de conteúdos presentes à situação de ensino-aprendizagem para lidar melhor com eles.
Considerando que os conhecimentos ensinados são complexos e não se restringem a uma qualidade de conteúdo, disto decorre que são exigidas diferentes habilidades do aprendiz, bem como, este deverá ao fim do processo, ter desenvolvido (e até mesmo criado) diferentes habilidades.
O processo de ensino-aprendizagem em termos dos objetivos a atingir e das diversas habilidade a desenvolver, trabalha com a complexidade ao contrário da unicidade e, portanto, a sua verificação através das avaliações deve levar em conta, igualmente, esta complexidade. Assim, não é possível usar um único instrumento para verificar mudanças em tantas áreas de atuação que se busca provocar no educando? O resultado será certamente um produto cego para estas possíveis mudanças. No entanto, o instrumento que é usado quase que invariavelmente é a prova escrita, individual, sem consulta, sobre o conteúdo dado: conhecimento sobre fatos.
Dois argumentos nos levam a colocar em debate esta realidade. Talvez o que está mais próximo para o professor seja o de chamar sua atenção para a complexidade de objetivos na situação de ensino-aprendizagem. Além disto, podemos lembrar rapidamente que os educandos são desde o início, sujeitos que diferem em termos de conhecimentos, habilidades, perspectivas e muitas outras características, no ponto de partida do processo de ensino, o que já exige por si o uso de procedimentos diversos nesta empreitada. Lidando com esta realidade complexa, torna-se incoerente procurar verificar produtos, avaliar resultados, através de um instrumento unicórdio.
A avaliação é uma etapa do processo de ensino-aprendizagem. Isto significa que ao planejar as atividades importantes para o processo ensino-aprendizagem, entre elas quais são os objetivos a atingir; quais são os meios e estratégias adequados para conquistar estes objetivos, é preciso também planejar as estratégias de avaliação. A avaliação, no sentido próprio às situações de ensino-aprendizagem, consiste no processo de verificação sobre a ocorrência ou não da aprendizagem, bem como, em que grau de ocorrência. Sendo isto o sentido próprio da avaliação, alguns dos equívocos que mais freqüentemente ocorrem com ela na prática escolar são:
a) ela pode transformar-se no limite em um instrumento de jogo de poder,
b) ter apenas fim classificatório, ou seja, serve somente para dizer quem é aprovado/reprovado; incluído/excluído; bom/mau aluno...
Consideramos que ela desempenha mais plenamente seu sentido de verificação do processo de aprendizagem quando:
a) serve também para o aluno tomar conhecimento sobre o seu "estado de conhecimento", permitindo que possa repensar seu processo pessoal de aprendizagem, podendo assim tomar decisões sobre este, assumindo desta forma um caráter formativo;
b) dá ao aluno um retorno (o feedback) sobre as ações que executou e seus resultados, levando-o a repensá-las, ou seja, para o aluno e igualmente para o professor ela pode assumir sua função diagnóstica. Ao se verificar através da avaliação a relação entre os objetivos e resultados é possível tomar as providências para ajuste de objetivos e estratégias.
Tendo em vista as considerações acima, na perspectiva de incentivar o uso de variadas formas de avaliação, o incentivo à avaliação contínua, bem como, recuperar o aspecto formativo da avaliação, apontamos algumas sugestões de formas de verificação do processo de ensino-aprendizagem a serem desenvolvidas durante o curso:
• Pré-teste – para dignóstico das situações de entrada;
• Relatórios – após atividades de laboratório e de aula-prática;
• Elaborações – atividades que envolvam sínteses e criatividade como painéis; home-pages, etc
• Apresentações – como de relatórios de trabalhos de pesquisa; resultados de pesquisas; temas atuais que permitam debater e divulgar conhecimentos sobre física; etc.
• Entrevistas para acompanhamento individual ou de grupos de alunos.

9. Recomendações da comissão:

De acordo com a legislação (art. 15, Res. 01- fev. 2002) o prazo para início dos novos cursos de licenciatura é de dois anos, ou seja, março de 2004. Para isso, a comissão coloca-se à disposição do Colegiado de Graduação do Dep. de Física, dos Colegiados Departamentais do CED e CFH, dos segmentos da UFSC comprometidos com a efetivação desta proposta do PPP/LFSC, bem como dos colegas membros de comissões pares de outros cursos, no sentido de manter e estimular as discussões visando o aprofundamento dos PPP, o trabalho de equipes para a formatação de planos de ensino e ementas e demais sugestões e recomendações indicadas a seguir.

- divulgação da presente proposta junto aos Departamentos afins do CFM, CED e CFH, além da PREG e Câmara de Graduação;
- promoção de audiências públicas com docentes, alunos, ex-alunos, setores da UFSC diretamente envolvidos, representantes de Secretaria Estadual e Municipal de Educação e membros da comunidade;

- designação de equipes docentes dos diversos departamentos envolvidos, para a elaboração coordenada de ementas e programas de todas as disciplinas, tanto novas, como tradicionais;
- estudo visando a viabilização do aumento de vagas para o ingresso (de 65 atuais para pelo menos 100 vagas)
- projeção e impacto junto aos centros responsáveis pela(s) licenciatura(s) para a contratação de docentes e servidores, em especial para os campos de conhecimento com maior ampliação de carga horária;
- ampliação do LABIDEX sob responsabilidade do Dep. de Física tanto física como de atendimento, passando a oferecer demonstrações plausíveis e lúdicas a crianças e adolescentes do ensino fundamental; aquisição de veículo tipo “van” para demonstrações itinerantes nas escolas conveniadas/campos de estágio; aquisição de materiais diversos para demonstração itinerante, inclusive planetários infláveis;
- ampliação física do LANTEC e aquisição de mais computadores, sob responsabilidade do CED;
- ampliação imediata do horário da biblioteca setorial do CFM; inauguração de um setor de material didático e para-didático do Ensino Médio e Fundamental – Física e Ciências, na mesma biblioteca;
- ampliação e manutenção do acervo de Vídeos e CD-Roms da biblioteca do CED; construção de um auditório para projeção multimeios no CED
- Divulgação desta proposta junto aos cursos similares do país, via boletim eletrônico da SBF, a partir de sua aprovação na câmara de graduação da UFSC;
- Esforços conjuntos dos segmentos envolvidos com Licenciaturas na UFSC para viabilizar parcerias-convênios com diversas escolas da região, que serão os núcleos de estágios e atividades de integração teoria-prática.





10. Fontes consultadas:
Anfope
Biblioteca virtual do INEP/MEC – Formação de Professores
Diretrizes curriculares do Curso de Graduação em Física
MEC/SENTEC: Parâmetros Curriculares do Ensino Médio
MEC/SEF: Parâmetros Curriculares do Ensino Fundamental
Documento Licenciaturas USP

Projeto Político Pedagógico CEFET-SC

Versão Preliminar documento das licenciaturas em física da UNESP

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